Com a esperança que habita o coração dos pequenos, o aluno do primeiro ano Victor Hugo Madruga Dias, seis anos, acredita no dia em que chegará à Escola Estadual de Ensino Fundamental Alberto Bins, no Bairro Santa Teresa, e será recebido em um local seguro, com paredes limpas, v
idros nas portas e janelas e um pátio bem cuidado.Hoje, o cenário é de destruição. E, se depender do ritmo em que as melhorias devem vir, Victor vai continuar sonhando. Apesar do esforço de professores e funcionários, eles não conseguem driblar a insegurança e promover as reformas necessárias.- No ano passado, foram cinco arrombamentos. Coloquei chapas de ferro nas janelas, porque os ladrões arrancaram as basculantes. E não tem cadeado que segure. É o verdadeiro Carandiru - desabafa a diretora, Katia Pacheco Saldanha.O muro não é obstáculo para os vândalos. Nem o portão ajuda: sem porteiro, é fácil invadir. No pátio, há mato e falta um espaço adequado para a Educação Física.- A escola tinha que ser agradável. Mas é questão de ter condições - diz Katia."Dá uma tristeza de ver"O comportamento dos alunos reflete a falta de recursos: eles já não se preocupam em cuidar de uma estrutura tão depredada. Avô de Victor, o zelador Carlos Madruga Sobrinho, 73 anos, apela por melhorias no local:- Está muito atirado, não tem apoio. Dá uma tristeza de ver.Preocupação na família CruzOs filhos, irmãos e sobrinhos da doméstica Gisele Barbosa da Cruz, 29 anos, estudam na Escola Alberto Bins. Diante do relato das crianças e do que observa sempre que vai levá-los, ela está preocupada com a segurança e qualidade da educação oferecida aos pequenos.– Entra quem quiser no colégio, pelo portão ou pelo muro. Parece uma escola abandonada. Não está seguro para eles nem para os professores – avalia.Irmão de Gisele, o aluno do quarto ano Iago Gabriel Barbosa Leotti, nove anos, é o porta-voz das crianças. Ele sabe na ponta da língua o que gostaria de ver:– Arrumar os vidros quebrados (foto) e pintar o colégio por causa das pichações.Violência dentro dos murosSem porteiro para controlar o acesso à escola e monitor para acompanhar a movimentação no pátio, os estudantes ficam vulneráveis. Além do tráfico do lado de fora, a violência circula também do lado de dentro dos muros.No dia em que o Diário Gaúcho esteve no colégio, professores recolheram um artefato que deveria estar bem longe das salas de aula: um projétil calibre .40 era utilizado por um aluno do quarto ano para assustar os colegas.Projeto não tem prazoA diretora enviou um dossiê à Secretaria Estadual de Educação em 2010, solicitando reformas e pessoal. A titular da 1ª Coordenadoria Regional da Educação, Sandra Teló, explica que não há previsão de contratação de profissionais. O projeto de reforma foi enviado à Secretaria de Obras Públicas, mas não há data prevista para o início das reformas.

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